Dizem que nos momentos de dificuldade é que a gente descobre a verdadeira força de uma nação. Pois eu tenho percebido que é nos momentos de dificuldade em que a gente escancara as nossas maiores fraquezas. Há seis jogos sem comemorar uma vitória, a torcida corinthiana vem praticando agora o jeito são-paulino de ser corinthiano.

Ronaldo passou de “o maior artilheiro de todas as Copas” para “gordo e baladeiro”. Roberto Carlos, que era “craque e forte como um touro”, rapidamente virou “porco filho da puta”. O marketing tem ideias geniais e traz muito dinheiro para o clube, mas falar que o Corinthians é bussiness é uma afronta à nossa honra. Se a torcida apoia ela é vendida, se cobra está prejudicando a equipe. Se não tem festa no centenário é porque a diretoria não pensa no povo. Se tem, malditos cartolas que gastaram o dinheiro do novo atacante com o cachê do Roberto Carlos (que, ainda por cima, é vascaíno e simpatizante do porco).

Ão, ão, ão, Mano é seleção. Eu, eu, eu, a gente se fudeu.

A gente costumava ser mais inteligente do que isso. Menos simplista. Mais bem informado. Menos rendido aos achismos e às especulações da imprensa. A gente sempre teve o dom de criar crises, isso é verdade, sempre gostou de sofrer. Mas aplaudir quando ganha e atirar pedras quando perde não é comportamento de corinthiano. A gente passou 23 anos na fila e jamais desistiu. Da mesma forma, vivemos os últimos 15 anos celebrando título atrás de título e não abandonamos nosso senso crítico. Torcidinha se vende por troféu. A Nação Corinthiana nunca foi assim.

Não gostou das contratações? Acha que a diretoria não tem planejamento? Então eu quero ver reclamar o ano todo! Quando a gente está líder, prestes a ser campeão! Porque quando a crítica é verdadeira e coerente, ela existe a temporada toda. Não só a partir de setembro, quando o time vai mal.

Não concordou? Pratique seu direito de corinthiano. Direito de torcedor que dá a vida ao time, de consumidor que paga ingresso para uma vez por semana ir ao estádio e ter o grande momento da sua vida. Todo domingo. E o seu direito é exigir um bom técnico. É exigir jogadores que corram, que lutem, que honrem acima de tudo o distintivo do Timão. Que te façam, como torcedor Fiel que você é, vibrar, rir, chorar e sentir orgulho de fazer parte desse todo preto e branco. Seu direito não é vencer, embora o desejo maior seja esse. Seu direito é ser tratado com respeito.

E o seu dever, quando isso tudo não acontece, é tirar a bunda da cadeira e dar as caras. Fazer o seu papel, ir ao Parque São Jorge reclamar, aparecer no CT com sua faixa. Seu dever não é ficar apontando o dedo, não é criticar “a torcida”. A torcida, meu caro, também é você. E seu dever é garantir não que o Corinthians seja campeão, mas que ele seja representado com dignidade.

Senão, daqui a pouco a gente tá vendo jogo pela TV, brigando pelo Twitter e indo a clássico com 15 mil pagantes.